A análise de solo é essencial para que o agricultor identifique os nutrientes disponíveis, consiga corrigir a terra e tenha sucesso na lavoura. Apesar de poder ser feita em qualquer época do ano, a verificação da fertilidade da terra é recomendada para, no mínimo, três meses antes de iniciar o plantio da safra. Dessa forma haverá tempo suficiente para recuperar o solo caso seja necessário. Com a atuação de profissionais capacitados, ferramentas e laboratórios especializados é possível obter dados mais precisos, interpretação correta e, consequentemente, resultados mais efetivos.
O engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Solos, José Ronaldo de Macedo, explica que um diagnóstico incorreto pode comprometer todo o resultado da análise do solo. “A análise da terra influencia na recomendação da calagem e da adubação afetando, assim, o rendimento agrícola da lavoura e ocasionando prejuízos econômicos e até danos ambientais”, alerta Macedo.
Profissionais capacitados
Para fazer uma boa análise é preciso contar com o apoio de um técnico agrícola ou engenheiro agrônomo. Outros profissionais, como médicos veterinários e zootecnistas, também podem contribuir nesse processo por conhecerem bem as fazendas em que dão assistência. Extensionistas também trazem boas orientações. “Alguns agricultores que optam por fazer a coleta sozinhos acabam falhando na qualidade. Uma boa coleta exige ferramentas adequadas, a profundidade certa e em pontos diferentes do terreno. Hoje, por exemplo, existem máquinas, como furadeiras elétricas, que ajudam a extrair a profundidade e quantidade certa”, explica o extensionista da Emater em Maringá, Pedro Cecere Filho, que atua no projeto Grãos, relacionado com a fertilidade de solo.
Perímetro analisado
Segundo a Embrapa Solos é fundamental que as coletas de amostras sejam homogêneas. As separações dessas amostras devem considerar topografia, o tipo de solo e o histórico das áreas como, por exemplo, a avaliação das culturas anteriores. Ao todo são recomendadas 20 amostras para cada 10 hectares nas profundidades de 0 - 20 cm e/ou 20 - 40 cm simples de forma aleatória (em zig zag). Cada uma deve ser colocada em um balde limpo e identificada por sua profundidade. Essas amostras são denominadas de amostras simples.
Em seguida é preciso misturar bem essas amostras e separar meio quilo em um saco plástico mantendo a identificação das áreas e das profundidades e acrescentando os dados pessoais da cultura que será plantada e da propriedade. Essa amostra é chamada de amostra composta, pois é consequência da mistura das amostras simples que serão enviadas ao laboratório.
Apoio de um laboratório
Os materiais coletados são encaminhados para laboratórios especializados em fertilidade do solo. A Embrapa Solos conta com um Programa de Análise de Qualidade dos Laboratórios de Fertilidade - PAQLF - que verifica a qualidade das determinações analíticas em solos dos laboratórios de instituições públicas e privadas. A proposta é garantir os resultados gerados pelos participantes e calcular os níveis de adubação e calagem que serão aplicados pelos produtores rurais de todas as regiões do Brasil.
Com base nos resultados da análise de solo, o técnico poderá fazer as recomendações de correção do solo (calagem) para elevar o pH, eliminar o alumínio tóxico e corrigir as deficiências de cálcio e magnésio. Com o diagnóstico apurado, o profissional fará a recomendação de adubação para atender a demanda das culturas e obter máxima produtividade. “Outro ponto importante é que muitos solos cultivados já estão saturados e com níveis de nutrientes elevados, o que permite ao técnico otimizar a adubação por meio da redução na recomendação e, também, avaliar as relações entre os nutrientes como, por exemplo, Ca/K e % K na CTC do solo ”, acrescenta Macedo.