A eficiência da adubação fosfatada é influenciada por vários fatores
como tipo do solo, forma de aplicação,
fonte etc. Seu manejo deve favorecer a absorção dos nutrientes com a diminuição
dos processos de fixação pelo solo, consequentemente aumentando o aproveitamento
de fósforo pelas plantas .As doses aplicadas de fósforo nas adubações são bem
maiores que as quantidades exportadas, sendo que a exportação deste elemento
pela cana é de 10% a 15% da quantidade do fertilizante aplicado .
Em solos tropicais um dos principais fatores para essa baixa eficiência
da adubação fosfatada reside nos altos teores de óxidos, alumínio e de ferro,
que promovem a fixação dos elementos. Para a
recomendação usual, a melhor forma de aplicação do fósforo em cana de
açúcar é em área total, tendo o fósforo, melhor distribuído na área, mais enraizamento e uma maior parte do solo
explorado.
De forma geral a eficiência da adubação fosfatada é baixa, o que
demonstra a importância de novos métodos de aplicação que levem em conta fontes,
épocas de aplicação e a localização do adubo. A combinação apropriada da
adubação corretiva em área total e da manutenção no sulco de plantio assume
grande importância para que se possa obter aumento na produção.
Devido à importância do fósforo para o desenvolvimento, produtividade e
longevidade dos canaviais e sua alta taxa de fixação nos solos tropicais tem
ocorrido aumento nos estudos de doses e formas de aplicação desse elemento. A
evolução do conhecimento científico em várias áreas da ciência do solo é uma
realidade e o manejo da adubação fosfatada tem acompanhado essa evolução.
Porém, a eficiência de extratores na predição do fósforo disponível e o uso de
níveis críticos para recomendar a adubação fosfatada são temas de grande
interesse em fertilidade do solo pela carência de informações mais atualizadas.
A retenção de fósforo no solo (adsorção) é conhecida há muito tempo e
bastante estudada. É de grande valia a utilização do fósforo pelas plantas
quando se trata de se evitar perdas provocadas por lixiviação. Contudo, é
problemática quando a retenção, é forte, e o fósforo se transforma em formas
não lábeis. A retenção do fósforo adicionado ao solo ocorre pela precipitação
deste elemento em solução com formas iônicas de ferro, alumínio, cálcio e pela
adsorção do fósforo pelas argilas.
O preparo convencional do solo favorece maior contato entre o íon
fosfato e a superfície dos coloides, permitindo maior adsorção do fósforo pelo
solo, tendo uma diminuição da sua disponibilidade para as plantas. Esta adsorção
relaciona-se com a fração de argila dos solos, principalmente quando há
predomínio de óxidos e hidróxidos de Fe e Al. Nesses coloides, a formação de
cargas negativas depende do pH e em condições de acidez, a afinidade do íon
fosfato pela superfície dos coloides inorgânicos favorece a adsorção do fósforo.
O fósforo, em comparação a outros macronutrientes, é utilizado em menor
quantidade pela planta, porém as adubações são elevadas, pois de acordo com as
características de determinados tipos de solo a maior parte do fósforo fica
indisponível à planta. O tipo e o teor da argila, a CTC, a adsorção de Cálcio e
Fósforo, a quantidade de matéria orgânica e a umidade afetam a solubilidade
deste elemento o no solo.
As recomendações de fósforo devem considerar não apenas o elemento
disponível, mas também características do solo que reflitam o fator capacidade
de fósforo (FCF), uma vez que elas determinam a variação entre os solos quanto
ao requerimento de fósforo.
Formas de fósforo no solo
Os minerais fosfatados
primários são a fonte de fósforo nos sistemas naturais. O rompimento desses
minerais primários ocorre mediante intemperização, que depende dos fatores e
processos de formação do solo durante a pedogênese. O fósforo é então liberado
para a solução do solo e readsorvido aos colóides, mas parte dele é absorvido
pelos organismos e pelas plantas. Neste estágio de formação do solo, ocorre a
maior biodisponibilidade de fósforo, já que os colóides inorgânicos são pouco
intemperizados e a quantidade de sítios adsorventes é pequena; por isso, ele é
retido com baixa energia, facilitando seu retorno à solução do solo.
Concomitantemente à utilização de fósforo pelos organismos vivos, seus resíduos
são depositados no solo e uma nova forma de fósforo é acumulada, o fósforo
orgânico.
Conforme o intemperismo avança, os minerais fosfatados vão sendo
degradados e sua contribuição no fornecimento de fósforo ao sistema é reduzida.
Adicionalmente, os minerais do solo também sofrem intemperismo, diminuindo sua
cristalinidade e aumentando os sítios de adsorção aniônica.
O fósforo do solo é dividido em dois grandes grupos, fósforo inorgânico
e fósforo orgânico, dependendo da natureza do composto a que está ligado.
Dentro destes dois grupos, as formas de fósforo são de difícil identificação
devido à infinidade de reações que o elemento pode sofrer e seus compostos
resultantes.
Em solos desenvolvidos, a mineralização do fósforo orgânico passa a ser
a fonte principal de tamponamento do fósforo, já que os colóides inorgânicos
atuam principalmente como dreno e competem com as plantas pelo elemento.
Nos solos mais pobres, ou seja, aqueles que apresentam pH baixo (menor
que 5,0), há maior ocorrência de fósforo nos minerais que contém Fe e Al,
enquanto nos solos mais ricos em matéria orgânica, apresentam pH elevados. Isso
ocorre, preferencialmente, naqueles solos ricos em Ca, sendo que a variação do
pH pode promover a dissolução e formação de outros compostos (Fixen e Ludwick,
1982).
A fertilização e o cultivo de um solo por 25 anos provocou aumento nos
teores de fósforo orgânico e fósforo inorgânico, comparado a um solo similar
sob mata nativa. Contudo, em valores relativos, o fósforo orgânico decresceu de
55,55% do fósforo total no solo de mata para 25,05% no solo cultivado,
mostrando que a acumulação do elemento adicionado ocorre preferencialmente em
formas inorgânicas.
Dinâmica do nutriente com o manejo do solo
Como os teores de fósforo disponível em solos intemperizados de
ecossistemas naturais são baixos, diversos mecanismos são utilizados pelas
plantas e organismos adaptados para aumentar a eficiência de sua absorção.
Estas estratégias podem ser de caráter morfológico, como o aumento da relação
raiz/parte aérea, as mudanças na morfologia das raízes, o aumento de pêlos
radiculares e a associação com fungos micorrízicos.
No entanto, Malavolta et al.(1997), observaram a exigência de 90 kg de
N, 10 Kg de P e 65 Kg de K; para uma produção de 100 Kg de colmos de cana de
açúcar.
Quando novas áreas são incorporadas ao sistema produtivo e quando altas
produtividades são almejadas, a necessidade de correção dos teores naturais de
fósforo no solo é fundamental. A fosfatagem, como prática corretiva, tem por
objetivo elevar os teores de fósforo no solo, potencializando a adubação de
plantio. A aplicação combinada de 200 kg/ ha de P2O5 em área total em pré plantio, seguida de 100 kg/ha de P2O5 no
sulco de plantio proporcionou incremento de 32% na produção de colmos por hectare
quando comparada com a aplicação de 300 kg/ ha.
Autor: Sandro Roberto Brancalião
Link: https://www.grupocultivar.com.br/artigos/manejo-de-adubacao-fosfatada-na-cana