Novos caminhos para aumentar a eficiência dos sistemas de irrigação
agrícola são apresentados em três pesquisas da Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba. Os estudos desenvolveram
estações meteorológicas em rede, para controle a distância da demanda por água nos
cultivos e propõem a revisão de protocolos internacionais de irrigação, de modo
que considerem as condições atmosféricas locais. Os pesquisadores também
criaram um aspersor com orifício ajustável para controlar a vazão de água,
evitando o desperdício.
No Departamento de Engenharia de Biossistemas da Esalq, o engenheiro
mecatrônico Thiago Alberto Cabral da Cruz testou uma rede de estações
meteorológicas sem fio para determinar as variáveis que influem na
evapotranspiração da cultura e do conteúdo de água no solo, para o eficiente
manejo de irrigação. A rede de sensores da estação meteorológica foi montada
nas estufas do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia – Engenharia da
Irrigação (INCT-EI), coordenado pela Esalq, em São Carlos, localizada a 100 quilômetros
de Piracicaba. A pesquisa é descrita em tese de doutorado orientada pela
professora Patricia Angélica Alves Marques.
“Entre janeiro e julho deste ano, foi manejada a irrigação da cultura do
pimentão vermelho, mapeada a partir de um sistema tecnologicamente eficiente,
baseado na redução de custo e na facilidade de instalação e manutenção”,
explica o engenheiro. A rede de sensores foi implantada por meio de módulos que
possuem micro controladores de baixo consumo energético. “O módulo dos sensores
também possui elementos para aferir a temperatura e a umidade do ambiente, a
radiação solar, a temperatura e o conteúdo de água no solo”, explica o
pesquisador. Com base nesses dados, redes neurais artificiais calculam a
evapotranspiração de referência, essencial para regular o sistema de irrigação.
Clima
Um estudo realizado pelo Grupo de Experimentação e Pesquisa em Modelagem
Agrícola (Gepema) da Esalq propõe a revisão dos protocolos internacionais para
o manejo da irrigação. “O consumo hídrico é estimado por meio de uma correção
feita para a evapotranspiração computada para uma cultura de referência, sendo
um indicativo da demanda evapotranspirativa de um local em um determinado
período. Esta correção é chamada coeficiente de cultura”, explica o engenheiro agrônomo
Luiz Ricardo Sobenko, que participou do trabalho. O Gepema é coordenado pelo
professor Fabio Ricardo Marin.
A correção é feita a partir de valores de coeficiente de cultura únicos
para cada período (fase fenológica) de diversas culturas sazonais e perenes,
padronizados internacionalmente. “Nas culturas do café, citros, cana-de-açúcar
e milho (verão e safrinha), observou-se que, além do consumo variar em função
da fase fenológica da cultura, oscilou também em função das condições
atmosféricas locais”, revela Sobenko. O estudo concluiu que a abordagem adotada
atualmente para recomendação de irrigação em condições de alta demanda
apresenta uma superestimava, gerando desperdício de água e energia.
Aspersor
Na pesquisa para sua tese de doutorado, Sobenko desenvolve no
Laboratório de Ensaios de Material de Irrigação (Lemi) da Esalq um aspersor com
orifício ajustável, inspirado no diafragma das máquinas fotográficas, para
regular a vazão da água durante a irrigação. “A proposta é aplicar a quantidade
correta no momento e local apropriados, visando à otimização da produção e dos
recursos hídricos e ambientais”, aponta o pesquisador. O estudo é orientado
pelos professores Tarlei Arriel Botrel e José Antonio Frizzone.
Em parceria com o Núcleo de Tecnologias Tridimensionais do Centro de
Tecnologia da Informação Renato Archer, localizado em Campinas, foi produzido
um protótipo por meio de impressão 3D. “O aspersor realiza o manejo por zonas
de irrigação, aplicando lâminas de irrigação de forma mais precisa, promovendo
maior flexibilidade no momento de execução e evitando a troca manual de bocais
em cada aspersor”, descreve Sobenko. O protótipo está em fase final do processo
de depósito de patente.
Caio Albuquerque / Divisão de Comunicação da Esalq, com edição do Jornal
da USP (texto original neste link: http://www.esalq.usp.br/dvcomun/sites/www4.esalq.usp.br.acom/files/esalq-noticias/pdf/EN-53.pdf
)